A agricultura de conservação pode ajudar a alimentar o mundo.  

Veja como ela é no campo

Os benefícios incluem redução de emissões, menor uso de produtos químicos, melhor produtividade e alimentos mais saudáveis  

  • Um novo projeto no Brasil direcionará empréstimos a pequenos e médios agricultores que praticam agricultura de plantio direto e outros métodos de agricultura de conservação. 
  • Não se trata simplesmente de abandonar o arado – e sim usar uma variedade de métodos para garantir um solo saudável que capture e retenha mais dióxido de carbono. 
  • Uma agricultora brasileira aumentou a produtividade em 50 por cento e diminuiu o uso de herbicidas em 60 por cento. 

GUAÍRA, Brasil – Maira Lelis colhe uma planta de soja de sua propriedade. Ela sacode um punhado de terra marrom-arroxeada e olha com admiração para a planta. Mas não são as folhas de verde intenso, nem as delicadas flores cor de lavanda, que atraem sua atenção. “Olhe para essas raízes!” ela diz.  

Para Lelis, as raízes e o solo são essenciais para a saúde do campo, a saúde dos alimentos que ele produz e, por fim, a saúde do nosso planeta. Melhor ainda, ela viu a produtividade de sua lavoura aumentar em 50 por cento desde que implementou totalmente as práticas de agricultura de conservação há oito anos, além de reduzir o uso de herbicidas em 60 por cento e acessar novos mercados para seus produtos. 

Um projeto da Plataforma de Garantias do Grupo Banco Mundial visa ajudar pequenos e médios produtores em todo o Brasil a replicar a história de sucesso de sustentabilidade de Lelis. O projeto concedeu US$ 1,2 bilhão em garantias a quatro bancos para empréstimos ao Banco do Brasil. O Banco do Brasil, por sua vez, concederá empréstimos rotativos de curto prazo de até US$ 2 milhões a agricultores que usam agricultura de conservação, incluindo plantio direto e outras técnicas favoráveis ao clima. 

Quais são essas técnicas? A mais básica, já utilizada por dois terços dos agricultores brasileiros, é o plantio direto, em que o solo não é arado e as sementes e o fertilizante são aplicados diretamente na superfície. Mas menos de 27 por cento dos agricultores do país implementam totalmente a agricultura de conservação, que também inclui culturas de cobertura e rotação de culturas.  

A agricultura é responsável pela maior parcela das emissões de gases de efeito estufa do Brasil – 38 por cento. A agricultura de conservação traz muitos benefícios climáticos: Deixar o solo intacto evita a liberação de dióxido de carbono e requer menos maquinário movido a combustíveis fósseis. A cobertura contínua do solo reduz a erosão e protege o solo de altas temperaturas e perda de umidade. A rotação de culturas mantém a cobertura do solo e aumenta a resiliência das culturas e do solo à seca ao distribuir o uso da água ao longo da estação de cultivo. O plantio direto também reduz o consumo de água. 

Lelis segurando uma planta de soja

Lelis segurando uma planta de soja

As culturas de cobertura são deixadas para se decomporem em novo solo

As culturas de cobertura são deixadas para se decomporem em novo solo

O projeto financiará o cultivo de aproximadamente 978.000 hectares de terra e ajudará a evitar até 11,87 milhões de toneladas de emissões de GEE durante o período de garantia de 10 anos. 

Na Fazenda Santa Helena, no estado de São Paulo, a rotação de culturas significa cultivar até 13 plantas diferentes ao longo das três estações de cultivo do ensolarado Brasil. Lelis pode começar com soja e, depois da colheita, plantar “a mistura” – uma mistura de até oito plantas que servem como “interplantio” – descansando e rejuvenescendo o solo com trigo sarraceno, rabanetes, ervilhas, feijões e painço. Depois pode ser feijão ou milho. 

A sequência e a mistura são específicas para cada campo com base em uma análise detalhada do solo. Quando cada safra é colhida, os restos são deixados para enriquecer o solo através da decomposição.  

Assim como a diversidade do Brasil, a mistura tem uma infinidade de benefícios. Mais plantas, mais raízes, mais retenção de água, menos compactação do solo, menos ervas daninhas e pragas – e, portanto, menos necessidade de herbicidas e fertilizantes químicos. Minhocas e insetos benéficos, como joaninhas e abelhas, também gostam. 

A diferença entre o verde intenso dos campos de soja de Lelis e o de seus vizinhos que não usam as mesmas técnicas é visível. “Esses são organismos vivos, trabalhando para nós e adicionando nutrientes”, ela diz sobre as culturas de cobertura, que alguns chamam de “plantas de serviço”. 

Se eles não estão mais arando ou aplicando tanto herbicida ou fertilizante, por que os agricultores precisam de empréstimo? Porque maximizar os benefícios da agricultura de conservação requer tecnologia complexa e equipamento especializado. Lelis não tem mais arados na fazenda, mas ela tem uma máquina enorme com 15 tubos para plantar a cultura de cobertura e outra para cortá-la e enrolá-la. A análise do solo também custa dinheiro, e ela compra corretivos biológicos para o solo junto com sementes especializadas para a mistura. Se eles não estão mais arando ou aplicando tanto herbicida ou fertilizante, por que os agricultores precisam de empréstimo? Porque maximizar os benefícios da agricultura de conservação requer tecnologia complexa e equipamento especializado. Lelis não tem mais arados na fazenda, mas ela tem uma máquina enorme com 15 tubos para plantar a cultura de cobertura e outra para cortá-la e enrolá-la. A análise do solo também custa dinheiro, e ela compra corretivos biológicos para o solo junto com sementes especializadas para a mistura. 

“Precisamos de recursos. Quando começamos, não tínhamos o equipamento para sermos sustentáveis. Precisávamos dos empréstimos do Banco do Brasil.”

“Precisamos de recursos”, diz ela. “Quando começamos, não tínhamos o equipamento para sermos sustentáveis. Precisávamos dos empréstimos do Banco do Brasil.” Pequenos agricultores, como os visados pelo novo projeto, têm ainda mais dificuldades, com poucas garantias para empréstimos — e 77 por cento das fazendas brasileiras são pequenas. 

O Banco do Brasil é o principal agente impulsionador do desenvolvimento do agronegócio no Brasil, apoiando o setor em todas as etapas da cadeia produtiva e promovendo a sustentabilidade. 

“O Banco do Brasil pode, por meio de sua influência, fazer a diferença e fazer com que outros clientes adotem práticas sustentáveis”, afirma Henrique Vasconcellos, Gerente executivo de finanças sustentáveis do Banco do Brasil. 

Da mesma forma como todas as partes do ecossistema agrícola se unem para produzir uma colheita saudável, o projeto de garantia surgiu graças a um ecossistema de agentes financeiros. Quatro grandes bancos – JPMorgan Chase, Standard Chartered, HSBC e Crédit Agricole – concederam um empréstimo ao Banco do Brasil que teve garantia da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA), que abriga a Plataforma de Garantias do Grupo Banco Mundial. A MIGA então cedeu parte do risco para resseguradoras do Lloyd's e outros, preservando seu capital para negócios futuros.  

“Estamos muito orgulhosos deste projeto, que é o primeiro empréstimo coberto pela MIGA que está em conformidade com os Princípios do Empréstimo Verde, tornando-o um Empréstimo Verde para os credores e para o Banco do Brasil”, disse Ariane Di Iorio, Diretora de instituições financeiras da MIGA. “Além disso, esta é a primeira transação da MIGA no Brasil desde 2013 e o primeiro projeto de agricultura de conservação da MIGA.” 

“O acordo ajuda o Banco do Brasil com seus planos de apoiar mais a agricultura de baixo carbono e o fornecimento sustentável de safras para comunidades locais”, disse Faheen Allibhoy, Chefe global de Bancos Multilaterais de Desenvolvimento do JP Morgan. “Este financiamento da MIGA é fundamental para apoiar o plano de sustentabilidade do Banco do Brasil, para promover boas práticas agrícolas e agricultura de baixo carbono e demonstra nosso compromisso com o Brasil e a liderança de seu setor agrícola.” 

Para um produtor no Brasil, o que importa é que ele consiga cultivar uma safra maior e melhor. Ser sustentável também tem outros benefícios. A Fazenda Santa Helena está sendo certificada pela Mesa Redonda de Soja Responsável para poder vender sua soja no mercado altamente regulado da União Europeia.  

“Estamos alimentando o mundo e cuidando do meio ambiente”, diz Lelis. Para um produtor no Brasil, o que importa é que ele consiga cultivar uma safra maior e melhor. Ser sustentável também tem outros benefícios. A Fazenda Santa Helena está sendo certificada pela Mesa Redonda de Soja Responsável para poder vender sua soja no mercado altamente regulado da União Europeia.  

“Estamos alimentando o mundo e cuidando do meio ambiente”, diz Lelis. 

“Estamos alimentando o mundo e cuidando do meio ambiente.”

Assista ao filme completo: